domingo, junho 15, 2008









Partindo da biblioteca de Martha Rosler (MR), reunir-se-á na Galeria Plumba uma biblioteca de livre consulta. Uma biblioteca real e “pronta-a-usar”, e não uma “biblioteca-objecto”. Ao contrário do projecto de MR que citamos, não se tratará de uma biblioteca pessoal, construída, ao longo dos anos, por uma só pessoa. O nosso objectivo anda mais pelas bandas de Jorge Luis Borges, a busca de uma biblioteca ideal. Esta será constituída por livros emprestados por amigos, uma grande biblioteca “emprestada”. A construção da exposição consistirá em ir de casa em casa (de amigos) e pedir livros emprestados com o objectivo de reuni-los num mesmo local para que possam ser lidos e livremente consultados. Pretender-se-á, dentro do possível, abarcar os vários domínios das artes, das letras e das ciências como qualquer biblioteca ambiciosa.Mas como será uma biblioteca reunida desta maneira? feita de fragmentos de fragmentos? a que conclusões se poderá chegar? que discurso se poderá construir? Uma escolha bibliográfica poderá ser considerada, em si mesma, um discurso? uma afirmação? ou, pelo contrário, uma diluição? Que conclusões se poderão tirar de uma determinada selecção poética, por exemplo? A Galeria estará portanto, transformada numa pequena sala de leitura, agradável, confortável, pública, com uma boa porção de livros, escolhidos a dedo. A nossa biblioteca ideal entre o possível da nossa matéria-prima bibliográfica de amigos. Tudo fará parte do processo e da obra, a biblioteca será a possível depois de mil discussões, como sempre acontece. Os critérios para a selecção dos livros? Uma síntese das nossas próprias escolhas pessoais, nos vários domínios, uma escolha nossa dos livros dos outros. Esse seria, afinal, o “discurso”, que se pretende testar e partilhar.Uma proposta de “filtro” para o caos, para a massiva produção e difusão de conhecimentos, neste caso, via indústria livreira.

angelo ferreira de sousa
carlos barros
BIBLIOTECA PUBLICA
14 junho - 12 de julho 2008
Plumba-arte comtemporanea
r.adolfo casais monteiro, 16 /porto

8 comentários:

isabel ribeiro disse...

arrisco (não arriscando muito):
a melhor da rua! aquela que mais me pôs a pensar.

(gostei muito de a ver aqui)

intruso disse...

ficar a pensar,
é isso...

"uma escolha bibliográfica poderá ser considerada, em si mesma, um discurso?"

um filtro para os caoS

Art&Tal disse...

encheu-me as medidas.

Bandida disse...

é por aí que se fazem coisas. segredos das artes...

imaginação profícua.

APC disse...

Uma escolha nossa do que é dos outros; deles do que é nosso: uma relação, afinal; que é aquilo que distingue o caos interior (paridor de estrelas) do industrial (produtor de plástico).

quinta à noite disse...

uma séria "aventura".

Anónimo disse...

Obrigado pelos comentários amigos e obrigado aos amigos que emprestaram livros!
Para quem quiser ver mais imagens e ler o texto final do trabalho:
http://www.angeloferreiradesousa.net/blog/?page_id=813
e para ver um vídeo da inauguração:
http://www.angeloferreiradesousa.net/blog/?page_id=815

abraços

merdinhas disse...

...

filtros para o caos...a encher as medidas....